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Cristina Marinhas

CEO

A Quidgest apresentou à Global Compact Network Portugal (GCNP) o Virvi, um software desenvolvido pela organização e concebido para desafios globais epidemiológicos como a Covid-19. Em entrevista, Cristina Marinhas (CM), CEO da empresa, considera que as PME devem inovar e adaptar-se a esta nova realidade, reforçando que “não basta esperar o resgate”.

Quidgest

GCNP: Quais são, na sua perspetiva, os maiores desafios desta pandemia, para a sua organização e para as PME em geral?

CM: O maior desafio da pandemia Covid-19 para qualquer empresa de qualquer sector será a quebra acentuada na procura de bens e serviços e a subsequente estagnação da atividade económica. Uma crise económica à escala global, como a que vivemos neste momento, certamente terá impacto sobre todo o tipo de empresas, mesmo aquelas que, pela vantagem de poderem trabalhar a 100% remotamente, por pertencerem a um setor que assim o permite, como é o caso da Quidgest, ainda possam não ter sentido os efeitos desta crise.

GCNP: O que é que a sua organização está a fazer em concreto para responder aos novos desafios de mercado impostos pela pandemia Covid-19?

CM: A Quidgest, sendo uma empresa tecnológica, que há 30 anos aposta numa ferramenta de produção automática de software, conseguiu reagir com muita rapidez à pandemia. No espaço de uma semana, a equipa da Quidgest desenvolveu um software de emergência hiper ágil concebido para desafios globais epidemiológicos como a Covid-19, o Virvi, que recolhe os dados mais prementes para a resposta à pandemia, quer a nível da monitorização, quer a nível do controlo. É um espelho digital dinâmico do que é necessário acompanhar para suportar a decisão e informar os cidadãos.

Os produtos que interessam, nem sempre são os mais procurados. No caso do Virvi, a Quidgest não respondeu a uma procura no mercado, mas sim a uma necessidade. De facto, não havia, a nível global, quem tivesse uma plataforma que reunisse toda a informação relevante para combate à pandemia, dada a sua especificidade: países de importação, sintomas, tempo de incubação, processo de contágio, ciclo de vigilância, doentes domiciliados, grupos de risco, equipamentos, reagentes, testes, materiais de proteção, confinamento. Até à descoberta de uma vacina ou de uma cura, os dados são a nossa melhor arma para controlar a Covid-19. A informação salva vidas.

A equipa da Quidgest identificou esta necessidade e esta falha no mercado e criou um projeto inovador, sem equivalente no mundo inteiro, e que pode melhorar bastante a capacidade de resposta dos países (Portugal e não só) face à pandemia.

A pensar no pós Covid-19, a equipa da Quidgest desenvolveu também um sistema de aconselhamento na formulação de pedidos de benefícios. Muito valorizado por associações de municípios, é um sistema que aconselha e guia cidadãos e empresas na obtenção de todos os tipos de apoio, os quais são determinantes para a recuperação da crise.

Estes foram os dois produtos inovadores que a Quidgest desenvolveu focados nos tempos especiais que estamos a viver.

Não só como produtor, mas também como consumidor, a Quidgest tem feito um esforço para atenuar os impactos económicos negativos da Covid-19. Neste sentido, a Quidgest mantém todos os contractos com as empresas que nos prestam serviços, mesmo que estas não estejam a funcionar a 100%.

GCNP: O que é que considera que deve ser feito, nomeadamente pelas PME, para que a economia recupere desta crise e se construa uma sociedade mais resiliente?

CM: As PME são uma parte essencial da economia. Um estudo recente do IFC refere que as micro, pequenas e médias empresas empregam 2/3 da população mundial e representam metade do PIB à escala global. As PME têm um efeito multiplicador no agravar das crises económicas e são também, logicamente, um fator fundamental na recuperação das mesmas.

Na Europa, 90% das PME afirmam já terem sentido o impacto económico da pandemia Covid-19. É essencial que sejam adotadas, pelos Governos, medidas que protejam estas empresas. A chave para ultrapassar a crise económica decorrente da pandemia está nas PME. É fundamental dar a oportunidade para que estas sobrevivam.

Isto dito, cabe também às PME inovar para se adaptarem, na medida do possível, a esta nova realidade e prepararem-se para um mundo que vai ser muito diferente do que conhecemos até agora. Não basta esperar o resgate.

GCNP: Acha que o mundo vai ficar igual após esta pandemia?

CM: A pandemia Covid-19 e subsequente crise económica representam um futuro de muitas incertezas para as pessoas, para as empresas, para os países e para o Mundo. Uma crise desta origem, magnitude, e escala não tem precedentes, sendo que é impossível prever as consequências desta crise, quer em termos económicos, sociais ou políticos.

No entanto, como tem vindo a ser repetido, a pandemia Covid-19 pode representar também uma oportunidade de reflexão. As várias crises económicas, sociais e políticas, e a crise climática, das últimas décadas pré Covid-19 deixam claras as falhas dos modelos atuais. Podemos pensar nesta pandemia como um botão de “reset”, uma oportunidade para repensar modelos de negócios, escolhas de vida e caminharmos para modelos mais sustentáveis.

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A Global Compact Network Portugal (GCNP) é a rede portuguesa do United Nations Global Compact (UNGC), que reúne os participantes da iniciativa com sede ou que operam em Portugal.

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